sábado, 16 de fevereiro de 2008

Leminski e a existência do amor bastante

Venus e Marte, de Sandro Botticelli

Amor Bastante
Paulo Leminski

quando eu vi você
tive uma idéia brilhante
foi como se eu olhasse
de dentro de um diamante
e meu olho ganhasse
mil faces num só instante

basta um instante
e você tem amor bastante

um bom poema
leva anos
cinco jogando bola,
mais cinco estudando sânscrito,
seis carregando pedra,
nove namorando a vizinha,
sete levando porrada,
quatro andando sozinho,
três mudando de cidade,
dez trocando de assunto,
uma eternidade, eu e você,
caminhando junto

Um comentário:

Kátia Borges disse...

Eu amo tanto Leminski que até por Alice Ruiz tenho certo quebranto (parafraseando o grande Quintana). Delícia encontrar aqui os versos dele. Bjs