No livro "Nuevos Cuentos de Bustos Domecq", escrito a quatro mãos por Jorge Luis Borges e Adolfo Bioy Casares (foto), o conto "O inimigo número 1 da censura" relata o diálogo de dois personagens: o jornalista de Buenos Aires Bustos Domecq e o ex-editor literário de um jornal local, Ernesto Gomensoro. Tudo começa quando Domecq recebe uma carta do segundo convidando-o a participar de uma antologia. Encafifado com o convite, o jornalista, que nunca havia revelado a ninguém que escrevia literatura, procura Gomensoro, que tinha sido demitido do jornal por publicar os textos exatamente por ordem de chegada, para saber o porquê do convite. Descobre que o velho editor é contra a censura, qualquer censura, e havia convidado todos os nomes da lista telefônica da cidade a participar da grande antologia que queria organizar. Gomensoro é contra qualquer tipo de julgamento: do editor, do jornalista, do marqueteiro, enfim, de quem decide o que vai ser publicado. O jornalismo é a antítese de Gomensoro, pois escolhemos, hierarquizamos e somos semideuses com o poder de definir o que vai sair no jornal, no telejornal ou no website. Enfim, ao contrário do velho editor que publicava pela ordem de chegada, estamos mais sujeitos ao erro. E sempre erramos. Sem querer fazer apologia da Lei de Murphy, se podemos errar, vamos errar, com certeza. Para conviver com isso, é preciso calçar as sandálias da humildade.
terça-feira, 12 de fevereiro de 2008
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