A imprensa brasileira tornou-se, nos últimos 15 anos, uma espécie de antena retransmissora de frases dos poderosos. Claro que há exceções, mas o que assusta no caso é que a regra tem sido essa. Veja a última viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Antártica. Os repórteres que acompanharam a excusão limitaram-se a reproduzir, sempre de longe, as frases que sua excelência queria dizer. Em nenhum momento houve uma entrevista formal. Mas o problema ocorre também no âmbito de funcionários públicos de coturno muito mais baixo. Há alguns dias, um rapaz com frascos de lança perfume no carro invadiu um posto e atropelou um frentista. Foi detido pelos funcionários e entregue à polícia, que o soltou sem mais nem menos. O delegado em nenhum momento foi questionado sobre o porquê de não ter aplicado a lei. Afinal, posse de lança perfume ainda é considerado tráfico de drogas (ou não?), o que permitiria a prisão em flagrante. A passividade da reportagem é um fenômeno que está inserido, como seu inverso, a acusação gratuita e sensacionalista, no processo de crise das mídias com o conseqüente foco na redução de custos.
terça-feira, 19 de fevereiro de 2008
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Um comentário:
Não creio que apenas a crise midiática seja responsável. Há um componente, claro, mas aposto mais na má formação das centenas de faculdades de jornalismo que surgiram nos últimos anos.
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