terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Balzac e os "negociantes de frases"

Aperfeiçoar o imperfeito, parafraseando Gilberto Gil, é uma tarefa do jornalismo. Mas não é exatamente o que se vê nas redações cada vez mais multimídia atualmente. A antiga (não confundir antigo com velho, please) máxima de checar, checar e rechecar é coisa do passado, sem saudosismo. Nesta segunda-feira (11.2.2008) todos os telejornais em todas as redes de TV destacaram a morte das cinco moças em São Paulo, com ênfase no fato de que elas levavam uma caixa de cerveja no carro. Como arautos da verdade absoluta, chegaram à conclusão de que estavam bêbadas e morreram por isso. Não informaram qual o teor alcóolico no sangue, não checaram se o veículo tinha algum problema mecânico. Enfim, a suposição virou notícia. Em muitos outros casos, afirmações não checadas também se alçaram à condição de informação, como no famoso caso da Escola de Base, também em SP. Em "Ilusões Perdidas", Balzac é cruel com os jornalistas, chamados por ele de "negociantes de frases". Foi o que a TV repetiu no caso das moças: negociou frases para recriar a notícia e a embrulhou num papel de cores dramáticas bem ao gosto de uma audiência definida nas diretorias de marketing das empresas.

Um comentário:

Divinius disse...

Gostei de ler:)
A LUZ QUE TE DEIXO É DA COR DA MINHA VIDA...)
Comenta o meu blog:)