segunda-feira, 24 de março de 2008

Reportagem em versos: a experiência baiana

Escrever reportagem em versos é uma prática que nasceu antes da imprensa de Gutemburgue. Relatos de acontecimentos sempre foram contados e cantados em versos, mesmo que os versos não tivessem métrica ou até mesmo rima. Na Bahia, começamos com a carta de Pero Vaz de Caminha ao rei dom Manoel, depois do encontro com a nova terra, no início do século 16. Continuamos com Gregório de Mattos, o Boca do Inferno, no século 17, e no início do século 20 com José Gomes, o Cuíca de Santo Amaro, puxando admiradores e desafetos pelas ruas de Salvador:

"Neste mesmo dia, a horas de véspera, houvemos vista de terra! A saber, primeiramente de um grande monte, muito alto e redondo; e de outras serras mais baixas ao sul dele; e de terra chã, com grandes arvoredos; ao qual monte alto o capitão pôs o nome de O Monte Pascoal e à terra A Terra de Vera Cruz!", in Carta ao rei, de Pero Vaz de Caminha

"Ninguém vê, ninguém fala, nem impugna, e é que, quem o dinheiro nos arranca, nos arranca as mãos, a língua, os olhos. Esta mãe universal, esta célebre Bahia, que a seus peitos toma, e cria, os que enjeita Portugal", in Senhora Dona Bahia, Gregório de Mattos

"Esta é uma lição, quem é noivo ou está pra isso, para aquele que é casado. Não vá atrás de lorotas. Quando for durante a noite, tenha muita precaução. Deve ter todo o cuidado com moça que more em Brotas, porque ao contrário tome bem o meu conselho. O sujeito está roubado, porque senão é patota", in A vingança da mulher de Brotas, de Cuíca de Santo Amaro

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