Dâmocles era amigo do rei Dionísio e invejava poder e luxos de que gozava. Um dia disse isso ao rei e este lhe propôs trocarem de lugar por um dia. Dâmocles sentou-se à mesa, com muita comida fina e vinhos idem. Sentiu-se o próprio. Mas logo percebeu que sobre ele pairava uma espada segura por um fio muito fino. A moral dessa história é que tudo tem um preço, que cada um aceita se quiser. O mito de Dâmocles aparece aqui para ilustrar uma situação que o jornalismo vive todo dia. É um negócio pra lá de complicado, com a espada o tempo todo sobre nossas cabeças.
E a nossa espada é a publicidade. Se tem muito anunciante, o risco de o jornalismo se prostituir cresce exponencialmente, buscando freneticamente a audiência fácil das notinhas e materinhas de apelo popular, de mexericos e de fofocas.
Por outro lado, se o anunciante some, por causa da baixa audiência, o jornal ou a TV fecham e perdemos o emprego.
É um beco com saída, apesar de parecer que não. Experiências recentes e antigas mostram que cada profissional precisa ter seu limite, necessita entender o tamanho da espada que pode suportar. Os ratinhos e assemelhados encheram as TVs há pouco tempo e sumiram. É que o consumidor de informação num primeiro momento até gosta e compra o jornalismo prostituído ao extremo, mas depois cansa.
Só fica o que tem alguma densidade, o que lhe acrescenta alguma coisa, que lhe faz pensar e refletir sobre seu mundo. O cidadão médio quer comida, mas também quer diversão e arte e jornalismo comprometido com seu dia.
Ps. Essa reflexão vai contra a corrente que, nos Estados Unidos, por exemplo, fala em retração do chamado jornalismo cidadão. Isso é só marola...
sexta-feira, 9 de janeiro de 2009
Dâmocles, a espada e o jornalismo
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